sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Cacos de Vidro

Simples!
Foto: Alan Bigeli

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Pela janela do carro, eu vejo tudo enquadrado



"Panaméricas

De Áfricas utópicas

Túmulo do samba

Mais possível novo

Quilombo de Zumbi

E os novos baianos passeiam

Na tua garoa

E novos baianos te podem

Curtir numa boa..."

(Sampa - Caetano Veloso)



Foto por: Angélica Paraizo

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Sob Lírios e Rosas


Ainda morava na cama e não trazia planos de se desfazer daquela mesma posição em que se recolhera. Espalhada e perdida em cabelos negros e volumosos como uma cachoeira inteiriça e de trabalho incessante. O rádio-relógio apitou duas vezes e, com suas horas vermelhinhas, fez sinal para que se levantasse, mas deixou que o rádio-relógio fosse relógio e apitasse seu movimento. Sócrates já o teria desligado, pensava. E nesse pensar uma tristeza fria veio arrepiar os braços e arrancá-los de seu descanso para perto do corpo. O cheiro dele ainda morava ali todo. Nos lençóis, na tapeçaria, nos quadros, nos corredores e, pior, o cheiro dele morava em seus pulmões como uma gripe forte que destrói o olfato. E no cheiro ela lembrou daquela tarde em que foram ver o apartamento. O corretor passeava com o eco dos cômodos vazios e ela se perdia na imensidão que era a vista do décimo quinto andar. Sócrates indagava a água, a energia, o condomínio, os condôminos enquanto ela desenhava as cores com que faria, os espelhos onde poria, as rosas. Ele veio por trás de seu pensamento e beijou sua nuca sussurrando “é este, benzinho”... Tornou e beijou-o, beijou, beijou os olhos, as mãos, o pescoço e roçou a barba, não cabia mais. E voltaram os dois ainda com o cheiro de tinta fresca na cabeça... O cheiro, o cheiro mudara. O cheiro e as cores, as posições dos móveis, a locação dos cômodos, a direção dos olhos, a evasão dos beijos. O sol despejou uma flecha pela janela que deixava a luz inteira em seus olhos: massa branca cegou-a, mexeu-se enfim. E quedou-se assim: girou o corpo no lençol e ficou atravessada na cama, aprovou o som que os lençóis fazem ao se tocar. E, como não caber, a cabeça pendeu à borda da cama e agora via o mundo de cabeça pra baixo. As pombas cortavam a janela e não faziam sentido, nadavam no ar e agitavam suas asas ao revés. As pombas são incríveis, pensava. Ainda invertida, a cortina se agitava para baixo, o lustre pendia para cima, os quadros tornavam-se ainda mais surreais, os chinelos ainda à espera pela resposta pé. Podia ficar assim o resto do dia, nada de banho ou comida, ficaria ali com aquela luz e aquelas poucas coisas sem sentido. Nada fez muito sentido, ele bateu a porta com uma força tremenda que as asas penduradas por detrás desabaram, e ainda estavam no chão. Se tivesse havido alguma pergunta, algum tapa, talvez sentido fizesse a mais, mas sentido, sentido não há. Concluía invertida: as rosas, que outrora davam vida à transparência do vaso, deixavam-se pesar em seus galhos frouxos, dando lugar a lírios brancos, enormes e vistosos. Morte é que tomara lugar. Foi-se embora a lembrança de bons dias futuros. Embora foi o tempo, junto com ele. Ainda cega pela luz, foi tomada por um impulso estranho que pô-la de pé. Perdoem minha nudez, pensava em direção à cidade. E, deixando que o chão frio acordasse cada parte de seu corpo, foi assim ao banheiro. Ainda na água fria de ontem, deixou seu corpo esguio imergir na banheira e fazer com que soçobrasse uns litros no azulejo branco e de reluz. Sócrates esquecera a toalha, ela tão cheirosa de seu suor de dono de livraria. E fugia pro passado agora... Havia saído correndo da faculdade, tentava chegar antes de fechar a livraria que trazia o nome de um filósofo e futuro homem de seus sonhos. Os funcionários recolhiam e organizavam os livros remexidos pelos leitores assíduos e não pagantes. A porta de vidro separava-a daquela imensidão de letras, a porta de vidro e uma placa que renegava à entrada. Fez cara chorosa, havia suado muito até ali, arfava sem vergonha de abusar dos pulmões e barulhar. Encostou a cara no vidro e ouviu um “assim você vai manchar minha loja inteira [risos], brincadeira”. Explicou-se e falou do quanto era urgente e de que vinha à compra de “Os prazeres e os dias” para resenhar sobre uma festividade promovida em memória do francês Marcel Proust. Sócrates faria aquilo de qualquer jeito, com ou sem explicação, e assim deu passagem à moça e apontou a última prateleira no segundo corredor. Ela agarrou-se ao livro e, em direção ao caixa, pôs seus materiais no balcão enquanto fuçava a mochila atrás do dinheiro. O homem que abrira a porta afirmou, para tristeza da moça, já haver fechado o caixa. Mas dito assim, apossou-se de uma caneta e olhando-a bem dentro a ponto de silenciá-la e fazê-la parar ele pôs a mão no livro, cabisbaixou e desenhou na contracapa: “Às mãos da moça, cujo nome nem sei, passo com indomável alegria a chave para que ela se perca dentro de sua própria inocência. Sócrates”. Aquelas mãos firmes de homem que lia fechavam a capa e giravam o rosto e os olhos lassos do escritor francês que estampavam o livro. Empurrava-o e fazia com que ela lesse. Fez menção de devolver e sair dali correndo, mas deixou-se enrubescer, enlargueceu um sorriso e disse: Liz, eu me chamo Liz. Dali para o café, para os livros, para os planos, para a banheira. Abraçou a toalha e afundou n’água. Arregalou os olhos e foi sentindo a sua plenitude sendo envolvida pela água como um cobertor, chorava agora. Ninguém a via, nem se a vissem apontariam choro. Chorava afundada, chorava fundo. Aos pulmões faltou ar e ela tornou a superfície. Pôs os pés pra fora e despertou para o frio que fazia àquela hora. Deixou que as extremidades ficassem roxas e, então, levantou-se. Deixou a toalha azul afundada e bordada no fundo da banheira. Abraçou rapidamente um roupão e caminhou nas pontas até o quarto. Abriu a janela e deixou que o vento invadisse fortemente o quarto, deixou que o vento arrancasse o cheiro que ousava habitar por ali, permitiu ao vento o direito de arrumar os lençóis, abrir seus braços e alongar as costas a ponto de deixar cair o roupão e se revelar uma mulher nua enfrentando as coisas só dos homens. Foi tomada por um medo, medo de cair. Quem mais a notaria senão Sócrates? Agora era a vez dele chegar por trás e abraçar suas fraquezas, carregá-la frágil e deitar sua nudez na cama ainda cheirando a noite de ontem. Mas ele não viria. E mais, a noite de ontem foi desconexa demais. Chegou mais cedo, viu-a na banheira, atravessou para o quarto. Arrancou uma mala grande do guarda-roupa e, dele também, foi retirando o que guardava. Foi pondo tudo na mala. Surpresa pelo barulho ela ergueu-se e recostou à porta apenas a olhá-lo. Ele estava impenetrável. Mala pronta, ele veio e apenas olho-a fundo, como da primeira vez, mas uma primeira vez reversa. Assim, olhou-a bem fundo e aquilo valeu qualquer explicação. Do bolso ele retirou um papel que pôs atrás do espelho, espelho gigante aquele. E bateu a porta. Não houve “mas”. No fundo ela sabia os motivos não precisou ter bilhetes, em verdade sabia, mas dessabia. Não queria saber e preferiu aceitar como um desencaixe, uma confusão. E foi à cama. Não ao espelho. Noite... Nua, à janela, voltou num suspiro e lembrava do espelho. Armou-se de um pente que recostava no criado-mudo e partiu para ver-se. Toda claridade revelava sua nudez explícita, mulher feita em peitos, curvas e flor. Alisava os cabelos e sentia-os entre os dedos como cavando. Penteava-os e sentia o seu molhar. Seus cabelos eram mesmo lindos e cobriam seus seios redondos. Desfez-se do pente e foi ao bilhete. Antevia as letras de Sócrates desenhadas como a dois anos antes. E ao desdobrar via os lírios recobrirem as rosas, via-os através do espelho: desarmavam a cama e chegavam ao teto. Pelo espelho achava absurdo, mas via-os, os mesmos, virem da janela, do banheiro e povoarem o quarto por inteiro. Chega à última dobra e lê “Perdão, você”. Perdida e tomada de uma tontura imensa deixou ir-se ao chão. Havia ali um cheiro forte que trancara a porta por fora e botara fora a chave. A ela restou aquele metro quadrado cerrado por uma barreira surda e cega que se recusa a passagem. Em nada pensava mais, nada de explicações. Deixou-se chão e cansada de tudo. Um cansaço das coisas que... Vinha uma calma... Calma imensa... Parece sono agora, parece. Aparece, aparece, apa... e sono.

O rádio-relógio havia apitado duas vezes...


Felipe Benevides



P.S.
  1. Fiz sem parágrafos pois é o que penso haver no que pensamos: um não-parágrafos, esse fluxo. Foi com esse que recebi um prêmio de prosa aqui em Salvador. Obrigado pela atenção dispensada.
  2. A foto é minha.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Luísa fazia sempre de conta. Talvez ainda não havia saído da infância, ou então, tinha uma infância tardia.
Tudo era motivo para que algo fosse maquiado em sua imaginação, afim de deixar tudo perfeito, tudo ao seu gosto.
Gostava de dormir ouvindo o farfalhar das folhas ao vento, no extenso pomar que havia em seu quintal. Gostava também do mar, embora só o tenha visto uma vez na vida, com seis anos de idade, tenra infância, vasta imaginação...
Para Luísa, o vento não era apenas o vento e as folhas não cumpriam apenas o papel normal de uma folha, não existiam apenas, ruidosas com o vento da noite; o ruído que proporcionavam era o barulho do mar, da maré que subia. E geralmente pegava no sono imaginando os barcos pesqueiros, ao longe.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Outro quadro.

Material: óleo sobre tela

sábado, 29 de setembro de 2007

Som Barato.

http://sombarato.blogspot.com/

Blog de download de discos e discos...muito bom, muita coisa boa e bem rápido!

Me divirto horrores!

Taí! Eu aconselho!

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Hibisco Azul



Quando eu tinha uns 4 anos, lembro de um quadro que meu pai havia começado a pintar. Era um vaso com flores e folhas secas, tristes. Lembro também que ele não chegou a concluir tal quadro.
Quinze anos depois, encontro o mesmo quadro inacabado e resolvo colocar cores mais vivas, reviver umas, modificar outras, aumentar as flores, reviver aquela natureza morta. E este é um resultado: um quadro feito à "quatro mãos", batizado por mim de "O hibisco azul". Pintura em óleo sobre tela, de Geraldo e Angélica Paraizo.

domingo, 19 de agosto de 2007

Mente, não

Corpo, corpo, nunca o corpo
Mente, não mente, ou sempre mente
Alma, liga surreal a extremos
Desliga corpo e mente, liga
Sim, a morte, sem corpo

O chão, só, solo, sólido
Solúvel corpo, mas
O corpo não quer solo
Ou a mente quer o não-solo
A alma quer, suplica, salvação

Ambos distintos
Sempre juntos, enlaçados
Alma e mente, que mente
Porém o corpo não
Mente.

Sempre unidos, porém o sempre
É sempre finito, não
Imortal. Busca por liberdade.

Alma, corpo, mente
Sempre, sem contraste, sem controle
Sem direção
Um dia, um instante
Onde estarão

Um extinto, um eterno
Outro, lamentos, alimento
Decomposto, apenas início
Nova-mente.


Juliana Lima

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Os Dias em Proust


Quanto às lembranças de minha infância resta o fato de tê-las esquecido, exceto a memória de um sapato perdido na lama, dos rabiscos em giz nas paredes, do canto fugidio das cigarras, do odor da chuva sobre a terra. Ou logo depois de mudar para o asfalto, para as ruas afastadas do sítio, a descoberta das raparigas ociosas em seus saltos e a cor escarlate de seus lábios, das pessoas “encimentadas”, da virilidade dos homens e da fumaça sobre as telhas daquelas casas pouco vazias. Tudo aquilo me fez conhecer o ritmo frenético das horas urbanas e do quanto eram vulgares todas aquelas paisagens. Mas logo depois me veio o hábito de conviver ali, tão perto do “mundo”.
De repente, tudo isso era fugaz e tudo estava predestinado ao esquecimento, quando entrei nas primeiras páginas de “No Caminho de Swann”, a nascente da obra do francês Marcel Proust, que agora matizava com suas paisagens, as cores das tardes em que eu me punha a lê-lo. Era Em Busca do Tempo Perdido [À la recherche du temps perdu], em seu primeiro volume dos sete livros, que encerrava ali a minha memória para seguir os enleios proustianos.
Sim, poderia ser um encerramento, pois aquele que se dedicou 20 anos de labor ininterrupto a esta obra, não poderia deixar algo de útil daquilo que fosse meu, sequer um sobejo de.
Encontrei a velha Combray, cidade onde são narrados os dias da infância do narrador e de suas buscas pelo tempo. Os laços frouxos da burguesia posta em seus salões, os homens extasiados em prazeres mundanos, faziam da narrativa a memória involuntária de Proust, desde os nove anos acometido pelas inflamadas dores da doença que o acompanharia até os dias de sua morte: a asma.
As passagens de “No Caminho de Swann” confundem o narrador e o escritor, trazendo à margem dos parágrafos a memória do filho da burguesia parisiense do século XX, a clausura de si, a criança cercada pela proteção materna, a vida doentia que o abreviara aos 57 anos, sem ver a maior parte de sua obra sendo publicada.
Depois de perder sua mãe, Proust decide trancar-se num quarto com paredes forradas de cortiças, para diminuir o barulho que vinha das ruas - agora tão vazias de sua presença - mesmo nos cafés, onde era costumeiro vê-lo transitar.
Apesar das frivolidades urbanas de Paris, que vivenciava a manifestação de fin-de-siècle, em sua avalanche do mundo moderno, Proust não infiltrou em sua obra estas descobertas do novo século e suas mudanças, pois não estava à mercê das máquinas e de suas possibilidades. Apenas deixou-se imprimir nas quatro mil páginas que compõem a Recherche. Deixou-nos seu olhar ao tempo, sua idéia de perda ao mundanismo, de ceticismo à natureza humana e engendrou-se nele mesmo para emprestar-nos nas três mil páginas páginas a própria vida, para mostrar-nos a perda de si e dos outros.
Decerto, ao fim daquelas páginas estava a descoberta desordenada dos dias, a incoerência das horas e, a única maneira para recuperar aquele tempo era negar-me a ele.



cleiltonsilva

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Como Almodóvar

= cartaz da peça . por Aline Brault =

Falando abertamente da peça de teatro “Como Almodóvar” dirigida por Gláucio Machado

A chuva bem pensou em brecar a minha odisséia ao teatro, frustração, sou filho de Ogum, abri as espadas em alto e saí turvando o mundo até a primeira poltrona da segunda fileira (mais alto, ver bem). Nós, soteropolitanos [mesmo que adotados], fomos privilegiados com a graça de ver as “cores de Almodóvar” pintadas num palco. Os formandos em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia, como conclusão de curso, estão apresentando uma seqüência de três peças. A primeira, já está sendo. A segunda (As Bruxas de Salem) e a terceira (Viva o Povo Brasileiro) irão acontecer no mês de setembro, ainda, não vem ao caso. Conheci Almodóvar através de “Matador”, filme de 1985, o 5º dentre 16. Esse filme foi exibido pela Rede Bandeirantes há muito tempo. Vi-o sem ter idéia de quem viria a ser o tal diretor libriano. Revendo Matador, lembrei de minhas primeiras contrações juvenis ante ao cinema. Concluí a filmografia do “homem-vermelho” este ano, vendo, por último, seu primeiro filme “Pepi, Luci, Bom y otras chicas Del Montón” (1980), esse não veio cópia para o Brasil, o motivo de tê-lo assistido foi através de meios fugidios que a Internet nos fornece. Em outra oportunidade tratarei com mais cuidado a respeito dos belíssimos filmes do espanhol, hoje, é dia de falar dAquela peça. O “incestuoso” texto da jovem Cláudia Barral é, no mínimo, revolucionário. Ela soube de maneira brilhante traduzir parte lustrosa dos filmes de Almodóvar sem querer forçosamente trazer o cinema ao palco. O roteiro (texto) da peça foge completamente da estética cinematográfica, vai costurando as personagens em uma trama atemporal e sem, incrivelmente, perder o fio em instante algum. Somos, todos, atados por cada gargalhada, cada pranto desmedido e, até, a cara apática das personagens gordas, magras, mulher-homem, homem-mulher, sempre “autênticas”! Misturando passado-presente-futuro e pondo, sem derramar o copo, nove atores em cena vivendo em nove mundos diferentes, o texto é assustadoramente encantador. Em uma mesma Dolores temos Agrado (Tudo sobre minha Mãe), Juana (Kika) e Marina Osório (Ata-me): formamos uma “chica” à beira de um ataque de nervos. A alma feminina, ilustrada de maneira tão Vermelha nos filmes, foi transcrita ao teatro com uma vivacidade equiparável. Tínhamos todo mundo ali, “que overdose”! Qual a regra ou mandamento naquela balbúrdia de sentimentos? A lei era penetrar cada vez mais profundo no Labirinto de Paixões em busca de um regador para as plantas, ou para a alma? “Fale com ela” que talvez ela lhe diga a “Flor do Segredo” de ser intensa, ser plena, estar além dos “Maus Hábitos” ou da “Má Educação” e entregar-se à “Carne Trêmula”, mesmo que para isso seja preciso “Volver”, volver, volver, ao passado e traçar as curvas para o futuro ... Bem que eu poderia tentar, mas será impossível conseguir descrever cada cena, cada susto, essa peça é do tipo que fica tudo registrado, mas não se pode contar: estraga! Posso dizer mais que foi apaixonante. A iluminação de Felipe Benevides [êpa! Não sou eu] estava saborosa! Migrando da vermelhidão à suavidade azul, passando pelo branco e o amarelo: contrastante e arisco. O figurino era já esperado, pelos olhos e mãos de Karina Allata, víamos a onça, a zebra, os paetês, o abóbora, o verde, o verrrrrrrrrrmellho, e as flores: ah as flores! Aquelas peças únicas só podem ter saído de um brechó andaluz, [quase] todas trajando a verdade e postas como numa figura dadaísta “De Salto Alto”. Os sapatos... Salto fino, plataforma, curvilíneo, acolchoado, vermelho, marrom, pretos... Viva os saltos! O cenário furta-cor por Renata Cardoso, com direito a explorar todo o mundo dos sofás, pufes, telefones, papéis-de-parede, cortinas, abajures, copos, taças, almofadas,... Lembrava, muito, principalmente, as casas (apartamentos) de “Que fiz eu para merecer isto”, “Tudo sobre minha mãe” e “Labirinto de paixões”: cores, cores, cores,.. Os cabelos tinham vida própria, destaque para a sexualmente avultada Rosário, saída de Matador, que trazia um cabelo superiormente interessante, além do figurino cigano. A música espanhola se fez presente, também, hits como “Soy infeliz” atochavam de humor um suicídio mal-sucedido: brilhante, brilhante. Temos um final carnudo com um Bolero (?) dançado a quatro e aplaudido de pé por minutos. Foi tudo surpreendente como um doce de Cupuaçu. Felizardo os que puderem prestigiar essa nova penca de bons atores advindos de nossa “Senhora Sé da Bahia”. Desejo-os muita sorte na luta braçal (por que, não?) em defesa do teatro, da labuta em ser ator, da sensibilidade e das coisas vermelhas da vida!
Viva o escarlate!
Viva Almodóvar!
“Viva o teatro, viva o artista, viva essa gente que faz arte e trás a vida!”
¬ Aos interessados, os longas-metragens:
  1. Pepi, Luci, Bom y otras chicas del montón (1980)
  2. Labirinto de paixões (1982)
  3. Maus hábitos (1983)
  4. Que fiz eu para merecer isto? (1984)
  5. Matador (1985)
  6. A lei do desejo (1986)
  7. Mulheres à beira de um ataque de nervos (1987)
  8. Ata-me! (1989)
  9. De salto alto (1990)
  10. Kika (1993)
  11. A flor do meu segredo (1995)
  12. Carne trêmula (1997)
  13. Tudo sobre minha mãe (1999)
  14. Fale com ela (2002)
  15. Má educação (2004)
  16. Volver (2006)

por Felipe Ferreira

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Ballet Clássico

Dores, manchas roxas, calos que doem, calos que descolam dos pés, bolhas... Palavras que soam de uma forma nada delicada. Palavras que se opõem totalmente à delicadela e suavidade vistas nos palcos, nas pontas dos pés de bailarinas e bailarinos. Eis os bastidores do Ballet Clássico!
Abaixo, a coreografia Flocos de Neve, um trecho (Dificílimo! Digo por saudosa experiência própria) do repertório O Quebra-nozes, na versão de 1994, pela companhia Kirov Ballet.




A primeira apresentação de O Quebra-nozes foi em 18 de dezembro de 1892.
Coreografia original de: Marius Petipa e seu assistente Leon Ivanov.
Composição: Pietr Ilyitch Tchaikovsky.

domingo, 5 de agosto de 2007

Sobre as dores

Björk - Unravel

Acho-os semelhantes [texto e música].

::Lágrimas Ocultas::

Se me ponho a cismar em outras eras

Em que rí e cantei, em que era querida,

Parece-me que foi outras esferas,

Parece-me que foi numa outra vida...

E a minha triste boca dolorida

Que dantes tinha o rir das primaveras,

Esbate as linhas graves e severas

E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativa, olhando o vago...

Toma a brandura plácida dum lago

O meu rosto de monja de marfim...

E as lágrimas que choro, branca e calma,

Ninguém as vê brotar dentro da alma!

Ninguém as vê cair dentro de mim!

(Florbela Espanca)

Por Felipe Ferreira.

Resista !

O imperialismo está em ação. A arte de proliferar o capitalismo e espalhar a miséria. Esse é o pacto que o diabo fez com os governantes, porém quem paga somos nós. Nos arrancam a liberdade e corrompem como uma doença cada um que toca a época atual. Nunca mais seremos livres, viramos só corrompidos e nossa corrupção nos evita de evoluir e de nos libertar, porém a luta ainda está a caminho, seja revoltado, vire o rejeito da sociedade, só assim poderá trazer mudanças para ti e para a sociedade.
Resistência. Não se entregue ao sistema, lute contra o imperialismo até o fim dos teus dias se preciso. A revolta é a base para as mudanças. Rebelde, fanático, marginal, anti social, fora da realidade, sonhador... nomeie como quiser, menos de alienado e derrotado, antes morto que ajoelhado, não queremos migalhas nem se curvar diante de ninguém, lute até o inferno se preciso. Antes o inferno que aceitar uma sociedade que não te aceita, e te quer uma marionete calada. Por isso grite a resistência, profetize a revolução, ninguém mais quer ser controlado.
texto crítico por : Marco

sábado, 4 de agosto de 2007

Eu estive no Baixio das Bestas

(ParÊnteses - apresentação): Sou novo por aqui. Agradeço pelo espaço, espero ser bem quisto. Obrigado pela atenção, senhores:

Incultas produções da mocidade
Exponho a vossos olhos, ó leitores:
Vede-as com mágoa, vede-as com piedade,
Que elas buscam piedade, e não louvores:
Ponderai da Fortuna a variedade
Nos meus suspiros, lágrimas, e amores;
Notai dos males seus a imensidade,
A curta duração dos seus favores:
E se entre versos mil de sentimento
Encontrardes alguns, cuja aparência
Indique festival contentamento,
Crede, ó mortais, que foram com violência
Escritos pela mão do Fingimento,
Cantados pela voz da Dependência.
Bocage
.
.
.

Falando, abertamente, sobre o filme "Baixio das Bestas" de Cláudio Assis

“Terra que não aparece
Neste mapa universal
Com outra; ou são ruins todas
Ou ela somente é má”
- Gregório de Matos –

Credito a Cláudio Assis o estandarte de “Boca do Inferno” de nossos tempos. Cheguei à Sala de Arte arfando, depois de um pique para não perder o horário, mas entrei a tempo de ver as luzes sendo apagadas. Abre a cena e somos estapeados com 1h20 de miséria, miséria, miséria humana nas telas. “A usina vai devorar nós todos”. Vai sim, como a fossa cavada ao lado da casa que em breve será a cova, em breve. Vi “Amarelo Manga” faz dois anos e pude abrir os olhos para a cena cinematográfica de Pernambuco, conheci o menino Cláudio xingando o mundo e seus “podres poderes”, mas foi depois de ter visto “Baixio das Bestas” que pude sentir a acidez natural de suas palavras-imagens. Numa terra de ninguém, onde manda quem pode e obedece quem tem juízo, vemos traçado o círculo do mundo. A vida circular que torna ao mesmo ponto, chegando ao máximo numa involução desordenada. É um filme de grandes caricaturas de nossos dias. O velho asqueroso que expõe sua neta de 13 anos aos urros de caminhoneiros, vestindo esse uma capa de moralista, mas que em tese seria alvo das próprias críticas. A vontade que nutrimos em todo o filme é que o velho (seu Heitor) seja queimado junto com a cana pra ver se com ele ia junto o “câncer do mundo”, mas ele não é o mal sozinho. Em verdade, o filme não expõe uma visão maniqueísta. O que vemos é a paisagem mal cheirosa do mundo, a podridão do Sistema (o latifúndio do filme). Nesse (sub)mundo temos um cinema abandonado onde Cícero e seus amigos fumam, bebem, masturbam-se, estupram e matam, afinal: “No cinema tu pode fazer o que tu quer”. Esta frase, ambígua e metalingüística, é dita ao espectador de maneira crua e em quebra à 4ª parede. O filme é mesmo assim: barroco-realista. Cícero, filho de afamada família de fazendeiros, mora em Recife (centro-urbano próximo àquela paragem, suposto ponto de desenvolvimento humano e esperança de riqueza e prosperidade) e nutre por Auxiliadora (nome sugestivo à posição de auxílio-renda que a menina assume na casa do avô) uma paixão desmedida, inerente à condição em que a menina se encontra. Em suas mãos passa a decisão pelo futuro de Auxiliadora, mas há ainda o velho que não abrirá mão de seu ganha-pão. Travada a quebra de braço [subtendida] vemos a verdade: não há futuro, não há saída por ali. Ainda nesse vilarejo cravado em meio à cana-de-açúcar funciona um bordel. As mulheres ressacadas compartilham seus prazeres e desgraças num mesmo “ali” sem dono. Há quem sonhe com um “futuro”, há, mais ainda, quem aceite o fardo e se deixe passiva à realidade mal fundada. Mulheres carecas, mulheres peitudas, mulheres cansadas, mulheres gozadas, mulheres-homens, há de tudo e mais um pedaço. Sexo, machismo, maracatu e o decadente sistema latifundiário de extração da cana completam o cenário do filme. Será que precisamos ir tão longe para enxergar o que Assis nos fala? São anos de decadência, anos de podridão, o mal-cheiro começa a incomodar e não dá para tapar o nariz e os olhos. Este filme é um grito, um gemido, um aceno: “Olhem-nos, é desgraça demais, abram os braços”. Ele, ainda, nos diz “A pobreza vai socializar o mundo” – há duas maneiras disso ser feito:
- A primeira, já corrente, é através de uma podridão tão coletiva que todos, absolutamente, estarão imersos numa mesma fossa, de maneira gêmea e indissociável.
- A segunda, tardia, é através de um sentimento de não-passividade onde o mal-cheiro [já sentido] incomode e provoque a ação conjunta que socialize o “doar”.
Não sei, não sei, não sei. Saí da sala cansado, foi como uma surra ter visto todas aquelas cores: Uma vitamina de jaca. As atuações são primorosas, a maravilhosa Marcélia Cartaxo (atriz e preparadora do elenco) trouxe o homem-cão às telas. Somos presenteados com a estreante Mariah Teixeira, Matheus Natchergaele (como sempre, dando um banho de grandeosidade artística), Caio Blat (Cama de Gato), Dira Paes (maravilhosa em Amarelo Manga), Hermila Guedes (grande em O Céu de Suely), Conceição Camaroti (sempre autêntica) e muitos figurantes, inclusive o próprio Cláudio. Presenciamos, também, a musicalidade saborosa do "Maracatu Estrela Brilhante".


Em suma: O homem do sertão, do agreste, das Américas, do mundo. O homem-lixo. Asco, asco, asco. Cuspi duas vezes ao sair do escurinho. A vontade que tive foi de aplaudir, mas me acovardei ante os (sete) companheiros de sala. Sugiro a você, leitor, que divida essa interrogação comigo: veja-o.




Termino o filme e o que vejo? Não há saída.(?) Não há nada.
?
?
?

Felipe Ferreira

terça-feira, 31 de julho de 2007

Arvorezinhona!

Ainda em fase de acabamento, um desenho livre, com tons vibrantes.

Material: óleo sobre tela.

sábado, 28 de julho de 2007

Nosso lindo e feliz cordão sanitário

Ter orgulho de uma linha imaginaria é um dos sentimentos mais podres que um ser humano pode ter.
Pior ainda é matar os mesmos macacos que somos para defender uma linha que nos separa em raças, línguas, crenças e pensamentos. Absurdo. O mundo é bem grande para todos, assim sendo porque não terráqueos, fraternidade mundial ? Nacionalismo e patriotismo são criados para que o cordão sanitário seja bem respeitado, para que latinos não se misturem com americanos, africanos com árabes e árabes com chineses, para impor a tirania, leis e regras, para que haja guerras e jovens morram pra defender sua pátria e não busquem ideais como a liberdade social .
O mundo e meu país, então largue o amor desse cordão sanitário. Fronteiras são pra ganhar impostos, fronteiras são pra separar humanos, fronteiras são pra determinar o que é de um e que é do outro, fronteiras são o símbolo da desigualdade. Pátria mãe, não é mais que uma de seres humanos que fazem tudo pra manter uma soberania inexistente ,várias mortes, várias guerras, várias desavenças, fazem nos acreditar que devemos defender com a vida um pedaço de terra, acreditarmos que somos diferentes de quem está do outro lado da trincheira que nos prende. Defendemos os governantes e os burgueses parasitas, desses pedaços de terra pois enquanto damos a vida num campo de batalha e matamos inocentes, eles estão mais preocupados com seus ternos, carros importados, mansões, isso tudo as custas de nosso suor, de nossos impostos e de nossa luta.
Somos todos macacos independente do pedaço de terra onde nascemos, lute pela liberdade, viva e resistência !

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Fome, desigualdade social, tirania, repreensão, intolerância, injustiça, desemprego, pobreza, miséria, favelas, crime, corrupção, policia, políticos, burguesia.
O inferno na terra, o inferno verde amarelo. Te dão favela, crack e fuzil, esse é o campo de concentração moderno esse é o inferno que você sustenta.
Enquanto os tiranos, corruptos ou melhor nossos amados governantes estão bem de vida, sendo sustentados por nós, nos orgulhamos de onde estamos, orgulho de um campo de concentração.
Te dão o circo para que esqueça a realidade, e esquecemos a , estamos muito mais interessado com a novela ou com o futebol de quarta que com a situação sócio econômica do seu campo de concentração, então... ficamos calados.
Parabéns brasil amado e inexistente. Ordem, progresso e não futuro!

Últimos Suspiros

Páginas rasgadas... Amassadas...
Tudo mergulhado em intensa dor.
O ar me falta... Resta-me apenas um suspiro...

A vida escorre pelo corte profundo,
Pulso ferido por intensa paixão
A solidão e a dor... Matam-me...
Meu rosto sem expressão
Meu corpo cai pela parede suja
Os papéis manchados, agora por meu sangue.

Minhas lágrimas...
Tudo passa reluzindo por elas
Toda minha vida, todo meu amor acabado,
Por apenas um gesto... Fatal...

Lembre-se que fiz tudo por você
Minha visão agora... Escurece...
Vendo você... Vindo me buscar
Não tenho mais forças...
Lembre-se, meus últimos segundos de vida...
Foram para você...

Pulso ferido...
Ultimo suspiro...
A mente paralisada em você...
Agora, somente a alma vive...


A.B. (28/10/05)

sexta-feira, 27 de julho de 2007

O que? Ou? É isso? Sim ou não!

Para que regras parnasianas?
Para que rimas perfeitas?
Se os pensamentos fluem sem quaisquer ordens!
Necessito ter ao menos instantes de liberdade.
A cada palavra, suspiro, lágrima, lembrança. Teria ordem nisso? Seria perfeito se ordenasse cada palavra de acordo com regras poético-literárias? Creio que não, e muitos modernistas conceituados também expuseram seus sentimentos de formas tão diversificadas, que chocaram o mundo em plena crise. Jogo de palavras, versos livres, palavras livres; logo, sentimentos livres. Alma livre!
Diversas vezes tentei rimar versos, metrifica-los, mas...
Consegui, aparentemente belo, porém meu peito apertou, minha mente não permitia tal ordem em tamanha entropia de idéias.
Folhas amassadas, rasgadas, decompostas que seriam um belo quadro dadaísta!
Assim como o amor, a paixão fremente, que nunca têm plena ordem, poemas também – pelo menos os meus – não devem ter. Não iriam combinar, não seriam verdadeiros, e sim, “marketizados”.
Louco mundo, de voltas, e voltas... Não se cansa. O egoísmo humano também não! Teria ordem nisso em plena desordem, preconceito, injustiça, desigualdade?
Posso ainda ser uma medíocre adolescente em transição, mas tenho plena consciência – talvez, não de meus sentimentos – mas da decadência que presencio. Creio que mesmo adulta esse sentimento de revolta não irá se extinguir, mesmo que daqui a instantes eu possa morrer, ou o mundo acabar num “click” de um botão sorrateiro, misterioso, porém eminente, ou ainda deixar cair a lapiseira no chão e pensares que por quaisquer motivos minha revolta ou meu corpo se extinguiu, ou desisti de escrever.
Tudo pode acontecer e a todo o momento. Não tenho realmente a certeza do que irá suceder, mesmo após cada letra escrita – pois posso errar – assim como Einstein sempre pensou, tudo é relativo.
Defendo a hipótese de que necessito passar por uma “inspiração” para escrever, mas meus pensamentos não esperam, ou esperam! Tanto é que quando estudo; por exemplo, física; posso escrever as equações e dizer que viraram um belo poema.
Mas agora já estou pestanejando, a grafite está por se findar – já são duas na madrugada. E digo-lhe, bom dia, boa tarde ou boa noite, depende a qual momento do dia for lido. Porém como quero, penso e sinto vontade de dizer, ou melhor, escrever, digo, ou penso, ou psicografo: Boa Noite! Que os anjos guiem nossos destinos como queremos, ou lutemos Por ele! Amém.
São vinte e três horas e quarenta e cinco minutos, mas meu corpo sente que são quase duas da madrugada, então escrevo que são duas, e confirmo com meu cansaço e minha insônia.E assim finalizo... Ou inicio!


Juliana Lima

Resista !

No inferno a melhor guerra é a resistência.
A nossa guerra não é pelo poder e sim pelo fim do mesmo, a nossa guerra não é por conquistas e sim pelos nossos direitos roubados e esquecidos, nossa luta não é por bens e sim pela evolução .
Anos se passaram, palavras e promessas já nos fartaram, depassado o limite vivemos em uma época sem peso na historia: A idade media contemporânea, onde as informações são deturpadas, alienadoras e onde você é o que tem.
Procuramos nos livrar das alienações que o sistema impõem para a sociedade decadente, mas já os temos dentro de nós e os sentimos todos os dias.
Ignorância e poder são os maiores vilões nessa corrida capitalista que afeta nossas vidas, somo escravos que trabalham em empregos que detestam pra comprar coisas que não precisam. Acabamos com tudo que não seja a favor do sistema, sabendo que sofrimentos são causados todos os dias por esta procura incessante do estilo de vida que nunca haveremos, mas fazemos do mesmo jeito.
Resistência! Esforcemo nos para modificar e harmonizar tudo que esteja ao nosso alcance, para que nossos filhos aprendam o amor, o respeito e a liberdade e assim sendo possam seguir nosso legado, pois lutaremos pela revolução mas nunca sairemos do cativeiro. Nascemos e vivemos entre grades, estamos cansados de tanto conformismo, queremos um futuro diferente, seremos o dejeto da sociedade, o lado marginal, a resistência dos esquecidos.
Não é fácil, mas o que é pior, a ovelha branca que é “feliz” por fazer o que mandam e não tomar decisões ou a ovelha negra que é rejeitada, por agir diferente, pois toma decisões e as assumi ? Então escolha o seu lado, pois um dia essa pergunta vai bater na sua porta e você deverá tomar esta mesma decisão.
Idéias não morrem, ideais também não, porém o homem é fraco, é mortal, ou seja morre... então passe suas conquistas, seja o virús que afeta flexíveis.
Fale com seu vizinho, amigo, inimigo e estranhos, fale com intolerantes e pessoas sólidas, se tiver de usar a força, use a passando uma mensagem. Concientização não são só palavras, então te faça ouvir, admirar e até mesmo odiar, ao chegar nesse ponto você será reparavel e lá não deixe a sua chance escapar, em poucas palavras : Seja contagioso.
O esquecimento te espera de braços abertos, pois ser crítico e revoltado é um problema e a melhor maneira de se combater é de ignorar, então te faça escutar e escute também. Revolucione a si mesmo, resista, mostre que você é mais um componente da sociedade mas que está vivo é quer mudanças!


texto crítico por : Marco

terça-feira, 24 de julho de 2007

Neblina

foto por : Manu Vitart

domingo, 22 de julho de 2007

Frutos Gerados

O mundo insiste em sobreviver
A repugnância brota em vidas inocentes
Já não há para onde fugir, desespero!

O mundo finge sustentar uma farsa
Insiste em evoluir na ignorância
Insiste em brotar das cinzas,
Mas jamais será o mesmo.
Cada vez mais enfraquece, padece
E por fim morre nas trevas...

Mentes subornadas, vidas cinzentas,
Crianças sedentas por sobrevivência
A ignorância devasta sonhos, venturas talvez,
Onde renascerá a vida?
Quando renascerá?
Quando a vida viverá?

Flores apodrecidas, queimadas
Pelo árduo sol da ignorância
Decadência, decadente...
Venenosos frutos apodrecidos
Geração decadente,
Decadente humanidade!

Juliana Lima

sábado, 21 de julho de 2007

Fuga para a realidade



Fuja das armadilhas que a sociedade prega, conteste e seja crítico assim você poderá ser menos um zumbi da alienação,não espere um mundo feliz depois dessa sua fuga rumo ao conhecimento e evolução de seus pensamentos,pois sem correntes você virará uma ameaça para a sociedade moderna, que consiste em uma minoria dominante,não tenha medo, pois se você está contra eles então está no caminho certo rumo as mudanças.O mundo é mais hostil para um crítico,e mais difícil de ser entendido,coisas altamente complexas antes,viraram simplesmente mentiras,isso é a parte mais difícil,quando você não esta atrás da verdade o mundo parece de plástico e feito sem você, então você não é nada e nada pode,só mais um tentando se encaixar,quando escapa disso percebe que não é bem assim, e percebe também que coisas que desfavorecem a maioria estão sendo praticadas por capricho de uma minoria,não se assuste, não se deixe intimidar, encare isso e procure mudanças pra você e pra sociedade.Não acredite em tudo que te falam.
Não aceite a sua própria verdade, avance e conteste à você mesmo, pois só os ignorantes tem certeza de algo,então reveja seus conceitos e procure saber se eles te levam pra algum lugar,crie sua filosofia e ajude a outros a criarem à deles pois quando você conhece a verdade é sua obrigação a passar pra frente,não se iluda com conquistas próprias,não se orgulhe de você mesmo,idéias sozinhas são só idéias vazias, não tenha medo de as passar pra frente,pelo menos você honrou seu compromisso.Não siga a maioria,forme a sua opinião,seja diferente.O homem é tentado a se encaixar, mas é inteligente o bastante para se diferenciar,avalie a situação e a realidade onde se encontra antes de um julgamento.Controle seus impulsos com reflexão,não se deixe alienar seja crítico em mínimos detalhes aparentemente sem importância,combata a ignorância e a intolerância com um discurso valido de suas idéias,antes de um julgamento procure saber o porque de tal e reveja se não está errado nele.Você é importante,como cada um que compõem a sociedade e se é uma ameaça para tal então não é mais um cordeiro no pasto, use sua inteligência para atos e discursos produtiveis.Sua liberdade é mais importante que qualquer outra coisa no mundo,tão importante que você tem que a ganhar de novo,um absurdo mas é a realidade,te tiram no momento que você a descobre,pois o mundo a teme,então te botam diversos argumentos,leis,regras e alienações para que não a veja nunca mais,para que seja mais um ignorante que haja pelos outros e por impulsos,com julgamentos falhos e idéias fúteis.Não acredite em ninguém,não confie em ninguém,dependa de você e de suas idéias,não abaixe a cabeça pra ninguém,você é seu próprio lider e você é o único que conhece sua idéias e necessidades,assim sendo se guie e não vá com a maioria,conteste e conteste também a si mesmo ou seja mais um alienado que a sociedade conseguiu envolver.

texto crítico por : Marco

sexta-feira, 20 de julho de 2007

CIDADÃO DE BEM-PARTE 2


Da série : crônica clichê
Cidadão de bem , certo dia , acorda e lê sobre o comunismo .Achou que seria legal que tivesse uma ideologia e foi comprar uma camisa do Che Guevara.Voltando ,vê um mendigo,resolve colocá-lo para dentro de casa.O mendigo diz que não quer ,mas cidadão de bem leu que todos deveriam ter casa e uma vida digna ,então arrasta o mendigo até sua casa , o mendigo começa a gritar e cidadão de bem vai preso.Ele pede para que seja exilado ,tal como na ditadura ,o delegado manda soltá-lo.Cidadão de bem vai para a casa ,tira a camisa do Che e começa ler sobre nazismo,achou que seria legal mudar de ideologia e...
crônica por : Manu Vitart

A Cana,o interior paulista e o sonho do álcool.


Ainda não foi terminado ,feito no impulso mesmo,e pela foto fica bem melhor.Ao vivo tá meio"brocoxô".A cana dominando o interior paulista e mudando a paisagem ,além de sujar as casas das pessoas de cinzas por causa da fumaça ,alimenta o sonho "pró álcool do governo federal".E dizem por essas bandas que americanos(entenda :EUA) estão comprando verdadeiros latifúndios para a produção do álcool (não confirmo ,boatos,vai saber né).
pintura não acabada por :Manu Vitart

Exit Exist

Sou existencialista, mas fujo do existencialismo.
Desconcentro, desconecto
Sinto e absorvo.
Absorvendo, apago
Apagando, esqueço.

Por mais que eu fuja, já absorvi.
Absorvendo, lembro
Lembrando, sinto.
Sentindo, penso
Pensando, existo.

E quanto mais existo, mais fujo.
Mais sinto
Mais lembro
Mais apago
Mais esqueço.
Absorvo, sinto, sinto, penso, existo...
E sofro os efeitos da existência.



Mais uma ave ,só para efeito visual do blog.


Tá ,você não conhece o pássaro , é europeu.O nome dele ? não é nem tico tico nem nada ,acho que europeus não dão nomes populares para suas aves..ou dão ? não sei. Parece acadêmico ?,não é não ,é uma pintura que tenta lembrar aqueles registros de cientistas europeus quando visitam "terras estranhas " , e paradoxalmente o pássaro é europeu e não brasileiro,ou de "terras estranhas".
pintura por : Manu Vitart

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Joga bosta na Geli.

Me deu vontade de explicar por que eu acho que o Chico - é, o dos olhinhos azuis - é do rock n' roll. Eu não sei dizer se punk¹, gótico² ou grunge³. Mas, definitivamente, do rock n' roll. É só olhar a trajetória do cara:

Primeiro ele fala mal dos próprios pais. Depois, reclama do governo. Aí entra numas de depreciar a si mesmo e termina falando de amor.

É o mesmo caminho de sempre de qualquer bandeca de rock nacional. Ok, talvez não Legião Urbana, porque o ego do Renato Russo era grande demais pra ele depreciar a si mesmo. E pode tirar o Cazuza da lista também, que ele morreu antes de tagarelar exclusivamente sobre o amor - por mais que o Frejat tenha levado essa vocação adiante. Até mais do que seria saudável.

Isso significa, também, que a gente deixou de presenciar momentos que tornariam os mid 90's o máximo: De um lado, Chico Buarque faz discos que parecem agenda de michê de tanto nome de mulher. Do outro, Cazuza compõe baladas melosas com refrão chato chamadas "Roberto", "Mauro" e "Fagundes".


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1. Como ele bebia pra caralho, foi recrutado pela résistance pra juntar um monte de garrafa vazia e fazer coquetel molotov durante o golpe de 64.

2. "Afasta de mim esse cálice/de vinho tinto de sangue"

3. Aquele cabelo ensebado...

Sartorato, que não fez um post
propriamente artístico

Metalinguagem

Revirara seus baús, gavetas, pastas e armários em busca de algum lirismo. Não encontrara.
Precisava de versos livres, deixa-prende, redondilhas, alexandrinos; alguma coisa onde pudesse se expressar, mas não, não encontrava.
Resolveu ir ao banheiro, afinal, o banheiro é um ótimo clareador e formador de idéias. Dessa vez fora apenas dor de barriga, pura e simplesmente.
Falar de amor? Solidão? Política? Quem sabe escrever a letra de um tango! Um tango-político? Nenhuma das idéias eram totalmente convincentes, nítidas, inspiradoras. Os pensamentos eram difusos, voavam de um lado para o outro, talvez nem uma rede de apanhar borboletas resolveria, no intuito de capturar um ou outro pensamento, afim de organizá-los por cor, tamanho, prendê-los depois com alfinetes. Falar de cores, formas... Não, parecia psicodélico demais.
Tentou dormir. O sono seria um inseticida que mataria as borboletas. Mas afinal, borboletas morrem com inseticida? Tinha dúvidas a respeito, e então o sono não chegou.
Conforme a madrugada avançava, pior ficava a situação. Os pensamentos agora eram como aqueles pontinhos de luz que pairam no ar: irrequietos e cada vez menos coerentes. Será mesmo que esses pontinhos luminosos existem?
O barulho dos carros que ainda passavam àquela hora na rua, misturava-se ao cricrilar dos grilos. E havia alguma poética nisso? O barulho de um avião, de um caminhão... Ambos responsáveis pelos ruídos rimavam, mas eram nulos quando se tratava de inspiração.
Retomou a idéia do tango. Um tango precisa ser triste, melancólico, mas não, não se encontrava em nenhum desses estágios, nada de tristeza, nada de melancolia. A confusão de pensamentos era tamanha, que não havia espaço, nem tempo, nem concentração para que algum sentimento pudesse se manifestar.
Estava inerte, resolveu exercitar a paciência. Pensamentos arruaceiros! Uma hora cessariam. Olhava para o vazio, um vazio não tão vazio, o guarda-roupa à sua frente: seis portas, quatro gavetas. Gavetas essas sem nenhum lirismo interno. Cansou de impor a ordem e o progresso aos pensamentos; sempre quando algo é imposto, há revolta. Resolveu esperar um insight. Foram dez, quinze, vinte minutos, meia-hora e nada, os insights também pareciam bem preguiçosos na ocasião. Após tanta espera, sentiu dor nas costas e resolveu se deitar. Colocou seu caderninho e caneta no criado-mudo, juntamente com o copo d’água, caso sentisse sede. E se sentisse sede e inspiração ao mesmo tempo, melhor! Quem sabe até mesmo um sonho... E apagou o abajur.

A SOMBRA

Essa foto poderia ser normal ,cotidiana ,apenas mais uma foto.Mas a sombra que o sol imprimiu na árvore ,logo atrás de mim,fez questão de aparecer de maneira intrigante!
foto por : Manu Vitart

SERIEMA

"Ê Siriema do Mato Grosso/Teu canto triste me faz lembrar/Daqueles tempos que eu viajava/Tenho saudade do teu cantar..."(Mário zan/Nhô Pai)
pintura por : Manu Vitart

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Passou... passei, passeio.

Passou um carro
outro carro, outro carro, um caminhão,
um helicóptero, um avião, outro carro
carro, motocicleta, motoneta, moto-qualquer-coisa

Passei, margeando o betume negro pelo calcário... humaninificado, humano-feito;
uma loira, outra loira, um japonês calvo, uma motoneta,
um caminhão, dois caminhões, uma morena de saia, helicóptero, ônibus número 557T-10
carro, caminhão, duas loiras, um homem de bigodes, outra motoneta,
helicóptero.

Os semáforos vermelho nunca me transmitiram segurança.
Os vestidos vermelhos sempre me fizeram olhar de viés.
O sangue é vermelho, meu sangue é vermelho...

COMO um SOPRO

Há anos era uma só pessoa, um único objetivo, uma única vitalidade, um único amor.
Hoje, após perceber que os anos se passaram, o andar mais vagaroso, o amor gasto, o coração com vitalidade dividida, as palavras cansadas. Vejo que restara a mesma pessoa frágil de sempre com o coração e a alma mais forte que sempre, todavia sem a mesma atenção dantes.
A casa mal pintada, as roupas antigas. A vontade, e o desejo de viver, gastos pelo impetuoso destino de todos, pelo impetuoso tempo que não cessa.
Pessoas começam a abandonar, a própria família sem compreensão e não obedecem ao tempo que passou.
A mão que sempre acompanhou a filha pela infância, hoje cessa a cautela, em vista ao destino que as separa incansavelmente. Porém, a mesma dor do primeiro dia na pré-escola a consome cada vez mais, sabendo que a distância cada vez fica mais longa.
Os convites para caminhar pela tarde de domingo como faziam há poucos anos, por ruas sem o menor interesse visual, mas apenas desconhecidas, já não são mais aceitos. Já não há o interesse de conhecer o mundo, nem ao menos ver.
Há anos filhos a esquecem, ou apenas ocupam o tempo com amigos e deixam de lado a pessoa que os nutriu tanto no ventre, quanto nos seios doridos, até a colherada de “papinha”. A mão que acariciava suas faces com o mais doce olhar enquanto tentavam dormir em madrugadas queimando em febre. Deixam de lado, a opinião que na maioria das vezes esteve certa, mas nunca admitiram por simples orgulho da adolescência. Jamais contaram segredos a ela, ou simplesmente algumas coisas que sempre contatam, e confiaram a seus amigos, com medo de repressões.
A cada dia que se passa, poderá passar pela mente cada momento que poderia ter vivido mais ao lado de quem ama, quantos beijos e abraços não poderia ter recebido nesses dias passados. Poderia ter evitado tantas desavenças!
Ela ainda está ao lado deles, maternalmente, mas já não há a mesma vitalidade, doenças da idade a deixam mais frágil, em seu olhar profundo já não há mais o brilho, pode-se avistar a tristeza consumindo-a, a depressão matando-a aos poucos. Sabe que pode mudar, mas algo a impede.
A saudade, apesar de ser cruel, faz com que um pouco da esperança volte em seu olhar, faz com que seu cansado coração, inflame novamente e derreta em forma de lágrimas em momentos de nostalgia, quando faz “bolinhos de chuva” para tomar seu precioso café da tarde. E se lembra da voz do neto quando chegava em casa, cheio de seus sorrisos tímidos dizendo: – Vó, quero bolinho de chuva! E agarrando sua blusa, em tom de clemência. Mas a distancia a faz sofrer ainda mais. Nesses momentos ainda posso ver lágrimas se misturarem às dela, quando partilha desse momento com os filhos, comendo os bolinhos de chuva açucarados com canela. Raros momentos em que partilham, ainda, os mesmos sentimentos.
A sobrevida que levam faz com que se distanciem dos sentimentos mais simples, esquecem gestos que podem fazer brotar um sorriso numa face saudosa e triste. Mas não podem, mesmo assim, imaginar o dia em que não a terão mais ao lado.
Juliana Lima

Hummmmmmm.

Batom natural..

Batom natural é a forma e cor que ganha a boca
Com um inesperado quente-frio beijo de ...amor?
Amor rimaria...mas não é amor
Ou seria?

Frio lá fora.
E quente entre a gente.

Ui. Pára pra respirar.

Continuemos...

Conheci uma vez
Um conceito
Vindo da Biologia do Conhecer
Ou Biologia do Amor..
(Consulte Humberto Maturana!)

Que amor seria nada mais
Nada menos
Muito mais!
Nada menos..
Amar seria aceitar o outro
Como legítimo outro
Na relação..
Só isso!

Legitimar o outro.
Aceitá-lo pra si.

Aceitar a companhia de alguém na mesa do bar
Colocar sinceramente a cerveja no copo do outro
Seria já amor
Muito simples
Sem eternizações ou complicações
Ou dramatizações Shakespeareanas..
( Aquelas que um dia já achei tão lindas..)

Então eu amei
Não com o peso de responsabilidade
E dependência e compromisso de amar..
Amei biologicamente alguém
Por alguns quilômetros
Talvez uma hora
O meu corpo aceitou
Com convicção espontânea
( adoro essa!)
Um outro corpo
Uma outra pessoa por inteiro
Não sexo
Mas sexual
Sensual natural
Agradável
Bonito
Talvez até doce..

Amar só por amar
E beijos no agora
Sem antes ou depois..
É assim que as pessoas
De repente
Voam

E é assim que eu abri o portão da minha casa
Sorrindo, de besta
De um charme infantil
Daquela felicidade que as crianças conseguem
Sem esforço algum..

Pensei:
" Ai, estou bambeando!
Como subir essas escadas
E entrar em casa,
Fingindo ser uma entrada qualquer?"

Deitei na cama da minha mãe
E a abracei..
Com a poeira dançando ainda...
Elogiei os atores da novela
Por puro prazer
Que queria ainda se manifestar..

Depois
No corrredor
Olhando minha boca no espelho
Parecia um batom borrado
Vermelho!
Os lábios se sentindo mais macios..
Por dentro
A boca sentia-se maior
E tudo mais leve
Na boca
A boca agora poderia cantar
Já toda aquecida
E cheia de sensações boas..

Tão melhor
Que muitas nóias e preparações
E conflitos
E roupas especialmente escolhidas
Pra um momento imaginário..

Beijando todas as bocas
Até que sobrem só duas
Meio constrangedor
Eu diria constrangedor inevitável..
Inevitavelmente gostoso!

Adorei...


PS: ( Observação explicativa, no medo e ansiedade que todos sentem ao se expôr para pessoas cuja opinião vale bastante):

Não sei o que seria arte, faço minha expressão no quente, sentindo...não é poesia, nem prosa..poderia ser os dois, classificados de qualquer maneira..não é musical, apesar de ritmar aqui dentro, nem fotográfica, sei lá..pode não ser nada..

Minha expressão é pra mim expressão. Desabafo,êxtase.Fazer arte pra não explodir. Não sei pensar sem sentir...não sei como soa isso, mas é gostoso sentir...brincar de palavras e apertar o enter na hora que eu quiser...rimando e depois esquecer de rimar..

Tudo que eu escrevo é verdade minha. Nunca escrevi algo que não tivesse acontecido realmente...é um diário...é confissão..e eu me abro pra vocês! Falando de amor! -> (amo essa música! Tom Jobim...)

terça-feira, 17 de julho de 2007

CRÍTICA AO CONSUMISMO

Você já perguntou para si mesmo se é livre ?Se você pensa que o fato de não estar preso em uma cadeia ,ou não ser escravo te faz um homem livre,você está enganado. Você é mais um produto da sociedade moderna.Você é mais uma marionete do sistema como muitos do mundo.Você já perguntou para si mesmo se é livre ?Se você é obrigado a trabalhar a vida toda para sustentar um estilo de vida,gasta e compra,um produto secundário do comércio.Chamado de "consumidor",ou melhor"consumido",escravo da tv e das publicidades.Você é mais um produto da sociedade moderna.Você é mais uma marionete do sistema como muitos do mundo.Você já perguntou para si mesmo se é livre ?
texto crítico por : Marco

Arte primitiva


Casa no campo(Zé Rodrix e Tavito)
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras
Pastando solenes no meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
E um filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros
E nada mais...
pintura por : Manu Vitart

Esqueci

Escrito em 15 minutos de surreal força de vontade, portanto ainda falta uma beeeela edição, re-edição, compactação e coerência, mas serve de experiência (e chega dessas rimas pobres!):

Foi como ser jogado de nove andares e, ao contrário do esperado, não ser esmagado pela cruel gravidade. Saindo do trem lotado das sete, às quase oito, era dilaceradamente entorpecida a frustração de não recordar o que poderia ser outra grande idéia, como todas as idéias frescas aquela me pulsava para ser a próxima inspiração, mas enfim estava perdida, de nada adiantava carregar o caderno na mochila se não havia espaço dentro do maldito vagão para escrevê-la.
A esqueci por completo ao ouvir novamente o ritmo, quase frenético, descrevendo pelo menos um belo par de saltos, mas o som era único em si, desgraçadamente peculiar, o mesmo que ouvi há mais de duas estações atrás; me achei ridículo pela idéia, que se foda a idéia! Mais ridículo ao perceber que para mim, sempre, cada compasso e jogo de cabelo diferentes tragavam a atenção, e assim deliciosamente relembrava de como a vida era inefável em suas raras belezas. Ah! O que uma hibridez de endorfina e testosterona não são capazes.
Não parei de ouví-lo enquanto o bater de pés tentava correr as escadas da estação mais rapidamente do que os meus que batiam maciamente, calçados por dentro do tênis, completamente confortáveis em amortecimento emborrachado. Qual seria o motivador de tal freneticidade descompromissada?
"Nunca virar para trás" era um lema quase sagrado para evitar constrangimentos em locais públicos, seguido a risca por tantos anos e possível que me evitou mesmo alguns, mas desta vez poderia ser diferente, olhar para trás seria sentir a próxima descarga instantânea de felicidade endorfina-testosteroníesca, aquele prazer pervertido (e às vezes, bem às vezes, quase morbidamente compulsivo) de observar outra passando por você, como se fosse a próxima única por dois segundos, dois malditos segundos sem a encheção de saco comum ao pensar: "esta não presta". Me virei, a hipnose sonora já era muita agora, tudo para sentir o óbvio: era outra, era boa e não prestava.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Alguns achados

Está no título!


A janela era alta
A lua já brilhava
Num outro qualquer dia
em que o vento na rua suspirava
Da lágrima derramada
Gota de sofrimento,
com a exclamação do grito
E o devaneio na loucura
Do minuto no passado
Do minuto passado
Do minuto
Suspira...
Suspira e grita.

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E lá fora cai a chuva
aqui dentro, sozinho,
com a gota que cai,
como muitos na multidão,
que lá, cercado por todos,
não conhece nenhum;
pobre gota.

Me lembra como metáfora
minha pouca vida,
uma rosa fria
tua boca rigída...

O vento sopra
e com a chuva
a aurora.

domingo, 15 de julho de 2007

ARTE AMBÍGUA


"COMO PEGAR ARTE COM A MÃO "....
foto e arte por : C.V.G

Anjos Perdidos


O beijo que nos une é o mesmo que nos afasta,
Incessante procura em ambos do amor perdido,
De almas que maltrataram e sugaram nosso néctar.
Como vampiros famintos, retirando nossas forças.

Dois anjos perdidos de paixão
Onde finalmente os olhares se encontraram
Almas incompletas, em busca do cálice,
Que podem se completar num mesmo túmulo

Nossos corpos finalmente se encontraram
Imprevisivelmente, repentinamente.
Será pérfida nossa fatal união?
O beijo tácito ao mesmo tempo grita.
Ansioso para descobrir
O que o destino nos guardou

O desespero agonizante entre as profundezas
De nossas almas prevalece, emergindo,
Das trevas por onde passamos

Podes confiar em mim meu anjo,
Guardar-te-ei, assim como tu também o fazes
Assim sobreviveremos neste mundo insano
Lutando contra famintos vampiros, eternamente.


A. B. (10/2005)

QUASE


O amor nasce velho em qualquer coração;
é fruto tardio
de ancestralidades feridas,
de descompassos hereditários,
do choro antigo das várias gerações,
resultado inebriante
dessa magia de converter lágrimas
numa quase-cachaça.
Todo amor nasce marcado
de lutas recentes, mas findas;
soldado conhecedor de cada canto
do seu campo de batalha,
dos requintes militares,
dos artifícios bélicos
da marcial arte de amar;
discípulo virado em mestre,
professor da triste ciência
de tornar sangue num quase-veneno.
Todo amor nasce maduro.
Superada a longa seca,
a intempérie,
eis que surge indene
com a esperança perene de uma vida que é quase-renúncia.
Todo amor nasce morto,
já vivido, já cantado,
já doído, já amado.
Todo amor nasce duro,
escudo
de ancião experimentado,
que esconde um quase-menino indefeso.
Todo amor nasce quase;
e se é todo, não o é.
Todo amor nasce pedra
perpétua, e perdura
na solidez de um silêncio
que é quase confissão.
Poesia por : Anderson Piva,selecionado por Marco Domingues

A Doceira


De cabelos encaracolados com um tom esbranquiçado, que alegrava-se em meio à manchas de uma cor que não negava a usa idade – mais ou menos situada na casa dos 70 – o cabelo de Dona Criméia parecia “papel de avaliação de Geografia”, diziam as crianças da rua, comparando o cabelo da senhora doceira com a prova mimeografada que Dona Geni aplicava na escolinha de 1ª à 4ª do Bairro. Não falavam por maldade, conheciam Dona Criméia a menos de dez anos.
Dona Criméia fazia doces. Composta das mais variadas frutas e geléias que brilhavam como pedras preciosas derretidas, até adquirirem a forma e a consistência de uma pasta, se é que isso fosse possível. Sua profissão era essa, e também uma de suas famas. Como era famosa no bairro Tucurumin!
Suas compotas tinham um alto valor, afinal, “trabalho artesanal tem de ser valorizado!” – dizia ela. Porém, todos sabiam que não era só por isso. Como única coisa que sabia fazer, mantinha-se com o dinheiro da venda dos doces. E vendia pouco. Parece um tanto quanto paradoxal comparar suas geléias com pastosas pedras preciosas e dizer que quase não tinham saída. Mas esse era o preço da sua outra fama, a que tinha além de doceira. O preço que boicotava o lucro com as geléias, encarecendo-as.
Seus fregueses, em sua suma maioria, ou melhor, todos eles, eram de outros bairros, muitas vezes distantes do Tucurumin. Muitos apareciam uma vez só, outros eram gente muito esquisita. E assim Dona Criméia garantia o seu pão e suas contas em dia, contas de baixo valor, pois era viúva há 15 anos e morava sozinha.
Teve, durante seus anos demarcados pela rinsagem em seu cabelo, no total um noivo e dois maridos. O noivo era mineiro, e como todo bom mineiro, tinha aquele gosto culinário clichê: adorava queijo! E Dona Criméia fazia goiabada desde menina, um dos primeiros doces que aprendeu a fazer. Era um casal perfeito, Rodolfo, o queijo, e Criméia, a goiabada. O Romeu e Julieta do Tucurumin! Formavam, de fato, um lindo casal. Mas, pelos percalços da vida, Rodolfo apareceu morto em seu quarto, sem causa aparente para a morte. Tinha apenas vinte e três anos. Criméias, que ainda não era Dona, recuperou-se rápido da perda do noivo, e seguiu sua vida, sempre aprendendo novas receitas de doces.
Muito tempo se passou até Dona Criméia conhecer Baltazar, que foi seu primeiro marido. Era um casal harmonioso, nada podia-se falar deles. Ela era totalmente devota ao marido, tratava-o com total naturalidade e sem nenhum ressentimento, mesmo depois de descobrir o caso que Baltazar mantinha com Lolinha, uma menina de dezessete anos. Porém, devido à efemeridade da vida, Baltazar é encontrado morto, sentado na privada de sua casa. Dona Criméia chorou dias a morte do marido, foram anos de convivência e devoção. Mas depois de algum tempo, agora viúva, continuou com seus doces.
Foi solitária durante anos, até que um dia, quando comprava frutas no mercado municipal, conheceu Jacques Rudoblier, um homem de mais ou menos quarenta e sete anos, filho do duque francês Dumond Rudoblier, que embora falido, possuía um sobrenome de peso, e a falência era algo que Jacques nunca, nunca citava. Amor à primeira vista soa meio estranho, quando se retrata a vida de uma senhora de seus setenta, ou mais, anos, mas foi o que aconteceu entre Jacques e Dona Criméia na época. Apaixonaram-se, casaram-se e agora Dona Criméia assinava o sobrenome Rudoblier. Criméia da Conceição Soares Rudoblier. Depois do casamento passou a morar no bairro Santa Marta, caracterizado como de classe média alta, ou nem tanto. Pela primeira vez saira dos redutos do Tucurumin.
Eram bastante felizes e adoravam dar festas; até que, no aniversário em que comemoravam os cinqüenta anos de Jacques, o mesmo é encontrado boiando em sua piscina, algum tempo depois dos Parabéns. Viúva pela segunda vez, Dona Criméia volta para a casa onde morava, no Tucurumin, e torna a fazer doces para sobreviver. Dessa forma permaneceu até hoje.
Num dia nublado, de agosto talvez, Lourdes Espíndola, que vê sorte e essas coisas, estava a varrer sua calçada quando vê o novo carteiro do bairro bater palmas no portão de Dona Criméia.
- Pois não? – ela atendeu com sua simpatia nata. Lourdes percebeu, mesmo de longe, um brilho diferente no olhar do carteiro, ao ver Dona Criméia. Coçou atrás da nuca, desviou o olhar da direção da vizinha, e continuou varrendo a sua calçada.


Texto de: Angélica Paraizo

sábado, 14 de julho de 2007


Da série : Crônica clichê
Título : Cidadão de bem
O cidadão de bem acorda para mais um dia de trabalho, logo cedo escuta uma música de fundo,é Roberto Carlos e sua "amada ,amante".O cidadão nem esquenta a cabeça,já não faz isso há muito tempo,sabe que a música vem do andar de baixo e a moradora escuta a mesma música todos os dias numa freqüência insuportável.Depois de tomar café,cidadão de bem vai para o ponto de ônibus.No ponto de ônibus ,uma cigana não pára de paquerá-lo.Cidadão de bem começa a se achar o tal.Mas depois de alguns minutos sente a falta da cigana e do seu relógio.E,que novidade:"Cidadão de bem foi lesado",mais uma vez .Cidadão de bem "emputecido"entra no ônibus ,ao seu lado entra uma senhora que não parava de falar do cachorror dela,"que precisava tomar vacina","que tem de passear" e "que não vive sem ela".Cidadão de bem apenas balançava a cabeça e aceitava o monólogo sem contestar,a única coisa que incomodou-o fortemente no momento foi o cheiro desagradável de leite estragado que a mulher exalava.Cidadão de bem,enfim,chega ao trabalho ,trabalha...trabalha...fim.Chega em casa ,dorme.Acorda ,a música do roberto Carlos de fundo e....
crônica por : Manu Vitart

Pincel ,tinta ,tupi,caiapó ,enfim,mandala !

Mandalas fascinam porque lembram o círculo,lembram o ciclo ,lembram a vida...Com temas indígenas ,pintei essa mandala .Hoje, no Brasil, vivem cerca de 460 mil índios, mais índios do que eu pensava.Hoje você encontra índiosde short e havaianas , admirável mundo novo!
pintura por :Manu Vitart

Fot'arte!


Uma árvore que encontrava-se há poucos quilometros de casa. Ela sempre me lembrou as capas dos cds da banda "Days of the New". Hoje em dia ela não existe mais. Ainda bem que existem as câmeras para registrar coisas e momentos que terão seu fim, que serão esquecidos.

foto por: Angélica Paraizo

sexta-feira, 13 de julho de 2007


ATREVA-SE, PROVOQUE, RECLAME...
Cronistas, pintores, artistas, loucos, toda e qualquer arte será aceita... Reuniremos nesse blog toda a produção artística, desde crônicas, fotografias, pinturas, histórias, música, etc.
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obs: artistas, assinem suas obras!
.......... divirtam-se ..........
texto por: Manu Vitart