domingo, 15 de julho de 2007

QUASE


O amor nasce velho em qualquer coração;
é fruto tardio
de ancestralidades feridas,
de descompassos hereditários,
do choro antigo das várias gerações,
resultado inebriante
dessa magia de converter lágrimas
numa quase-cachaça.
Todo amor nasce marcado
de lutas recentes, mas findas;
soldado conhecedor de cada canto
do seu campo de batalha,
dos requintes militares,
dos artifícios bélicos
da marcial arte de amar;
discípulo virado em mestre,
professor da triste ciência
de tornar sangue num quase-veneno.
Todo amor nasce maduro.
Superada a longa seca,
a intempérie,
eis que surge indene
com a esperança perene de uma vida que é quase-renúncia.
Todo amor nasce morto,
já vivido, já cantado,
já doído, já amado.
Todo amor nasce duro,
escudo
de ancião experimentado,
que esconde um quase-menino indefeso.
Todo amor nasce quase;
e se é todo, não o é.
Todo amor nasce pedra
perpétua, e perdura
na solidez de um silêncio
que é quase confissão.
Poesia por : Anderson Piva,selecionado por Marco Domingues

2 comentários:

Anônimo disse...

Poesia muito linda !! uhullll ahaahahahaha

Anônimo disse...

GOSTEI ,massa !