terça-feira, 17 de julho de 2007

Esqueci

Escrito em 15 minutos de surreal força de vontade, portanto ainda falta uma beeeela edição, re-edição, compactação e coerência, mas serve de experiência (e chega dessas rimas pobres!):

Foi como ser jogado de nove andares e, ao contrário do esperado, não ser esmagado pela cruel gravidade. Saindo do trem lotado das sete, às quase oito, era dilaceradamente entorpecida a frustração de não recordar o que poderia ser outra grande idéia, como todas as idéias frescas aquela me pulsava para ser a próxima inspiração, mas enfim estava perdida, de nada adiantava carregar o caderno na mochila se não havia espaço dentro do maldito vagão para escrevê-la.
A esqueci por completo ao ouvir novamente o ritmo, quase frenético, descrevendo pelo menos um belo par de saltos, mas o som era único em si, desgraçadamente peculiar, o mesmo que ouvi há mais de duas estações atrás; me achei ridículo pela idéia, que se foda a idéia! Mais ridículo ao perceber que para mim, sempre, cada compasso e jogo de cabelo diferentes tragavam a atenção, e assim deliciosamente relembrava de como a vida era inefável em suas raras belezas. Ah! O que uma hibridez de endorfina e testosterona não são capazes.
Não parei de ouví-lo enquanto o bater de pés tentava correr as escadas da estação mais rapidamente do que os meus que batiam maciamente, calçados por dentro do tênis, completamente confortáveis em amortecimento emborrachado. Qual seria o motivador de tal freneticidade descompromissada?
"Nunca virar para trás" era um lema quase sagrado para evitar constrangimentos em locais públicos, seguido a risca por tantos anos e possível que me evitou mesmo alguns, mas desta vez poderia ser diferente, olhar para trás seria sentir a próxima descarga instantânea de felicidade endorfina-testosteroníesca, aquele prazer pervertido (e às vezes, bem às vezes, quase morbidamente compulsivo) de observar outra passando por você, como se fosse a próxima única por dois segundos, dois malditos segundos sem a encheção de saco comum ao pensar: "esta não presta". Me virei, a hipnose sonora já era muita agora, tudo para sentir o óbvio: era outra, era boa e não prestava.

3 comentários:

Anônimo disse...

ADOREIIIIIIIIIIIIIIII !!!!

Anônimo disse...

Ótima crônica!

Anônimo disse...

Amei sua crônica ,mui bela.Eu fiquei imaginando a cena ahhahahahah